30.11.10

"ACHINESAR" A SOCIEDADE

Não sei mesmo do que é que a União Europeia está à espera para agir contra os especuladores internacionais, à imagem do que ocorreu nalguns Estados da Federação da América do Norte, mais conhecida por Estados Unidos da América. Para certas pessoas será novidade, mas para os mais atentos certamente que não! Pelo menos quatro dos Estados abriram processos de crime contra as empresas de "Raiting", por especulação e atentado à economia norte-americana e o certo é que em pouco tempo e em parte logo se acabaram as notícias e previsões dessa empresas contra alguns bancos e produtos destes. Todavia tanto quanto se diz aquele é o país mais livre do mundo, modelo da democracia e do livre mercado. A mesma tomada de posição está agora a ser posta em prática contra as informações (consideradas secretas) postas a circular na comunicação social a nível mundial, do Wikileaks.
No entanto na Europa não se toma uma atitude, ou porque os eurocratas são uma cambada de cobardes ou porque serão movidos por outros interesses que vão para além de salvar a economia ou salvar o Euro. E aqui entra o essencial da questão, o que os eurocratas e os governantes desta Europa pretendem é colocar as populações a viver no limiar da pobreza, com rendimentos ao nível da subsistência. Primeiro abriram as portas aos produtos chineses, com todo o prejuízo que isso trouxe à economia e agora pretende "achinesar" a sociedade, através da retirada de direitos e condições de vida aos cidadãos europeus! Claro que a troco disso alguém se há-de abotoar!

29.11.10

QUANTO PIOR... MELHOR!

A actual filosofia europeia, à qual os nossos governantes também já parecem ter aderido, é a de quanto pior... melhor! A musculada teoria da terra queimada que prolifera pelos corredores de Bruxelas e que depois é reposta em cada um dos Estados membros. É a contínua perseguição de quem trabalha em favor de uns "ladrões" que nada fazem e que colocaram os estados na situação em que eles se encontram hoje. Do passado ficou a expressão "Roma não paga a traidores", do presente ficará para sempre "Bruxelas paga a traidores e a ladrões!"
É que do apoio que ontem foi decidido dar à Irlanda, não se ouviu uma única palavra que tivesse como base as preocupações com a vida das pessoas, não ouviu dizer que o apoio teria como fim dar uma outra perspectivas às pessoas com dificuldades. Mas foi notória a preocupação com a recuperação dos bancos irlandeses, que nós portugueses também vamos ajudar a recuperar, nem que para isso o nosso povo tenha de andar a recorrer à "caridadezinha" como nem no tempo do Salazar aconteceu. A crise tem dimensões de roubo... e como tal é pôr polícias e exércitos na rua na peugada que quem cometeu esses crimes!
Porém não é assim que pensa quem nos governa, pois o melhor mesmo é introduzir alterações na legislação laboral para poder tornar quem trabalha ainda mais miserável! Não são políticas deste tipo que interessam e não tardará que as armas não estejam na rua, basta haver um país em que isso se verifique e que esta Europa criada para a paz se afunde numa enorme "guerra civil"!

25.11.10

O TACHO DOS RAPAZES

Por vezes chego a pensar que sou indivíduo de fraca capacidade para a análise da política e que só vejo "jogadas" onde os "homens de boa vontade" apenas querem contribuir com o seu melhor para a causa pública. Mas ao fim de muitos anos a observar e a escrever sobre estas questões e depois de ver tantas ideias a concordar com as minhas (também há imensas discordantes) acho que não tenho razão nenhuma para sofrer de qualquer trauma! Umas vezes acerta-se outras não e pouco importa. A minha "profecia" mais mediática foi a independência de Timor, que calculei se viesse a verificar no espaço de uma década (o que aconteceu) após o massacre de Santa Cruz, coisa que escrevi num jornal de província.
Ora ontem dei-me ao trabalho (em dia de Greve Geral) de analisar a lei extraordinária que o PS e o PSD cozinharam para "salvaguardar o tacho dos seus rapazes"! Mais uma vez pensei: "lá estou eu a ser derrotista e a avaliar mal os mais ilustres filhos da Nação"! Pois não é que o Correio da Manhã de hoje faz exactamente a mesma interpretação, e estou plenamente convicto que não se trata de uma forma de plágio, mas tão só o relato de uma evidência. Não quero ser má língua e ainda que não considere (como já o afirmei) o CM um jornal de referência, tem pelo menos, a coragem de dizer aquilo que é "politicamente incorrecto" mas será, certamente, socialmente justo que todos os portugueses se apercebam! É que, por mais voltas que o mundo dê e a crise cresça, não pode acabar o tacho dos rapazes

24.11.10

MALABARISMOS

Ontem, em final de tarde, e no âmbito da discussão do Orçamento de Estado para 2011, o actual governo, com a cumplicidade do PSD, teve a pouca vergonha de aprovar uma medida excepcional para determinadas situações, violando desse modo a Constituição da República, que impõe que os portugueses não podem ser discriminados seja por que razão for (embora não seja este o texto, é essa a ideia). Consta que estará isso ligado com certa contestação por parte dos administradores da Caixa Geral de Depósitos. Como não há fumo sem fogo a seu tempo se saberá. Porém é já claro e notório, agora de direito porque de facto já era, a opção de só alguns pagarem a crise, pois com esta medida alguns trabalhadores vão continuar a ser privilegiados!
Mas este malabarismo destina-se a assegurar aos políticos um futuro confortável, pois como se sabe são eles que após passarem uns anos nos governos ou no parlamento vão ocupar os cargos de gestores ou administradores de algumas empresas públicas ou de capitais público. Ora isto deve ser denunciado, pois Sócrates e a sua "pandilha" tal como Passos Coelho e o seu "clã" estão já a preparar o caminho para não terem dores de cabeça no futuro no que aos lugares e dourados rendimentos que aguardam por eles!
É por causa destes "malabarismos" que o nosso país não sai da "cepa torta" e mais tarde ou mais cedo vamos ter de pagar uma factura ainda maior, mas que, como de costume, recairá sobre os mesmos, ou seja sobre os pobres! Aliás este governo é especialista em fazer estes "arranjinhos" em momentos de luta sindical, com aconteceu com o anúncio das medidas de restrição em dia de uma grande manifestação, o que levaria à marcação da Greve Geral que decorreu hoje. Como nota de relevo no mundo laboral, a nível Europeu, recorde-se que a Confederação Europeia de Sindicatos marcou para o dia 15 de Dezembro, mais uma jornada de luta com o epicentro em Bruxelas e possíveis manifestações noutras capitais.

23.11.10

BRUXO? NÃO!

Quem por acaso tenha lido o meu texto do início da tarde e depois se tenha debruçado sobre as notícias das últimas horas, poderá pensar que estou quase capacitado a ser bruxo! Nada disso, só observei com atenção os repetidos ecos que chegavam nos últimos dias, e hoje ao fim do dia aí estão as novidades. Aquele tal senhor João Duque de que falei há dias já aponta como Fevereiro ou Março a entrada do FMI em Portugal, a chanceler alemã e o FMI também já se pronunciaram sobre essa hipótese, o organismo internacional com maior clareza, Merkel foi mais esquiva.
Afinal só falhei mesmo no momento em que o facto se iria tornar público, agora vamos a ver quais as consequências que daqui decorrem. Porém, estejam descansados que não sou bruxo, mas como muitos portugueses também não sou "parvo". Amanhã logo se verá o que aí vem!

A MENTIRA ADEQUADA

Primeiro foi a Grécia, depois a Irlanda e a seguir pode ser Portugal, e na mesma linha poderá vir a ser a Espanha (que hoje colocou à venda dívida pública e não a conseguiu vender na totalidade), a sofrer a intervenção de organismos internacionais por razões de ordem económica e financeira. Na minha perspectiva já toda a gente sabe que isso se vai passar assim e não há modo de escapar a isso. Porém, neste momento convém não fazer grande alarde sobre isto, porque estão a ser votados os Orçamentos de Estado, ocorrendo ainda em Portugal o facto do actual presidente da República pretender ser eleito em Janeiro, o que diga-se de passagem interessa ao Partido Socialista.
Senão vejamos, Manuel Alegre mesmo que consiga um resultado fabuloso nunca será eleito logo à primeira volta, o que parece ser provável com o seu adversário mais directo. Ora a realização de uma hipotética segunda volta nas presidenciais, originaria mais despesas em campanha eleitoral e simultaneamente maior insegurança económica devido à actuação dos mercados. Daí que o actual panorama seja a de apatia do Partido Socialista para com o seu candidato, e por outro lado o discurso do actual presidente, negando a entrada do FMI em Portugal, caso que a acontecer antes do acto eleitoral lhe pode comprometer a reeleição.
Claro que para isso, vai circulando a mentira adequada para a ocasião, que neste caso é de que o nosso país não está a necessitar de apoio externo. Tanto o presidente como o governo alinham pelo mesmo diapasão porque o discurso convém aos dois, mas provavelmente lá para Fevereiro de 2011 teremos o FMI a entrar por aí dentro, porque a questão política já está resolvida. Estes senhores agem deste modo unicamente por interesse pessoal e não por interesse nacional!

22.11.10

CANTONA E O PAPA

Para quem gosta de futebol, nomeadamente o inglês, o nome de Eric Cantona é incontornável e embora seja francês de origem, foi no Manchester United que mais brilhou. A qualidade técnica e a impetuosidade que punha em campo eram tão famosos quanto o seu feitio irascível, truculento ou mesmo zaragateiro com que vivia o seu dia-a-dia. Os problemas com o álcool terão ajudado ao fim de uma carreira que parecia ainda ter muito para dar. Mas enfim nesse contexto George Best ou Victor Baptista, só para citar alguns, também trilharam igual destino. Porém a razão de referir o antigo internacional francês não tem nada a ver com futebol, mas sim com a sua mensagem, ou melhor desafio, colocada no Youtube para que as pessoas retirem o dinheiro dos bancos de modo a causar o colapso ao sector, considerando-os por isso parte do problema que se vive hoje em dia. Seja como for, já não é a primeira vez que leio esta proposta e de todo não me parece que seja desajustada, e talvez tenha mais efeito que 20 greves gerais. Diga-se é uma ideia que surge na linha da minha proposta de alterar os processos de luta!
E o que é que o Papa tem a ver com isto? Perguntarão alguns! Nada e tudo. Nada, porque não se sabe qual a sua opinião em concreto para acabar de vez com este estado de coisas, muito embora continue a proclamar que a Igreja está com os mais fracos e a anunciar a filosofia social da Igreja. Mas enquanto Cantona pretende acabar com uma certa realidade, o Papa tenta salvar outra, ou seja que não se dê uma fuga geral dos católicos, e por isso ontem manifestou compreensão pelo uso do preservativo quando esteja em causa a saúde pública ou seja para impedir a disseminação da sida. O Papa pretende preservar a importância dos católicos com um preservativo, ao mesmo tempo que Cantona pretende preservar a dignidade dos cidadãos com uma ruptura.
Qualquer das coisa faz sentido. Nem Cantona será Papa, nem o Papa jogará futebol, mas entre o ataque de um e a defesa do outro, joga-se a sobrevivência de um sistema!

21.11.10

MORTE DOS INDEPENDENTES

Os movimentos de cidadãos independentes que proliferaram por esse país fora, essencialmente em ocasiões de eleições autárquicas, pretenderam, em muitos casos, ser uma lufada de ar fresco na actividade política. Alguns arvoravam-se mesmo como a consciência crítica dos cidadãos que descontentes com a realidade político-partidária, pretendiam constituir-se como o paradigma da transparência e da verdade. Eu, contudo nunca considerei que houvesse independentes e explico o porque desta minha opinião.
Se considerar-mos a transparência, é preciso que se diga que de todo isso não corresponde à verdade! Na maioria esses ditos independentes tinham origem nos mais diversos partidos políticos, que por razões estratégicas os incentivavam à participação política, ou então resultavam de fracturas desses partidos por não serem incluídos em listas ou não concordarem com o lugar que lhes era atribuído, ou ainda como vingança de resultados eleitorais internos que lhes eram desfavoráveis! Bem vistas as coisas, eram tudo menos independentes. Também a mim me tentaram seduzir, sabedores de algum do meu descontentamento bem como de uma certa ostracização que me foi imposta pelos órgãos locais do partido em que milito (que nos últimos tempos chegou ao ponto da exclusão do título de meu blogue, só porque sou crítico) . Contudo não o conseguiram apesar dos sinuosos cânticos de sereia que me lançaram.
Ora nos últimos dias, foi constituída em Tomar a AMAI. Acróstico sedutor para quem pretende dar o seu contributo à causa pública, porém oco quando se torna em associação com todas as características de um partido político aquilo que se queria independente desse espectro da ordem sociológica-política do nosso país. O que agora se formalizou, e vai ter sede em Tomar, não é mais que o congregar de um jogo de interesses que desde logo vai pugnar por idêntico tratamento que é dado aos partidos, ou seja para eles o que está em causa não é a "res publica" mas sim ter os meios para atingir o poder a qualquer custo, não é o sacrifício pelos cidadãos mas o de também serem parte na absorção dos dinheiros que circulam em torno das campanhas eleitorais. De certo modo "mascarados" de independentes, querem ser "partidos". Não o serão de direito, preferindo sê-lo de facto!
Com esta decisão está dado o passo para virem a sofrer da mesma describilização de que são alvo os partidos e a médio prazo para a completa morte dos independentes!

20.11.10

ELES JULGAM QUE SABEM

Durão Barroso deu uma entrevista a um jornal britânico, na qual, em dado passo, põe em dúvida se por acaso estaria preparado para ser primeiro-ministro quando o foi, muito embora em data anterior tivesse dito a um jornalista português que tinha a certeza que um dia ia ser! Não me faz grande confusão tal afirmação, o que me espanta é que esse mesmo individuo seja agora o factor da implementação das políticas mais neo-liberais que a União Europeia desenvolveu e actuando do topo da pirâmide quer obrigar o nosso país a seguir padrões que não teve coragem de aplicar na ocasião em que foi governante de Portugal! Vistas bem as coisas, o tal senhor está em Bruxelas a vingar-se da sua incompetência para lidar com os problemas nacionais, e pelo facto dos cidadãos portugueses lhes terem dado a confiança através de eleições!
Na mesma linha (de ignorância) surgem as recentes palavras de Teixeira dos Santos, ministro das finanças ao afirmar que na actual situação tem de haver moderação salarial. Mas o senhor ministro de uma vez por todas deveria deixar de ser cobarde e apontar onde é que se deveria aplicar essa moderação! Ou estará, por acaso, tão nobre personagem a referir-se ao ordenado mínimo nacional. Se está, é porque nunca soube o que é viver com menos de 475 euros por mês! Aliás o nosso pais é isso mesmo! Cada um dos intelectuais de pacotilha que tem passado pelos corredores do poder é mais ignorante que o anterior relativamente ao país em que vive, e como vive a maioria dos seus concidadãos! Por isso estamos como estamos, porque eles julgam que sabem, mas são completamente ignorantes da realidade!

19.11.10

GREVE GERAL

Estamos a poucos dias de mais uma Greve Geral. Talvez a mais significativa dos últimos 20 anos, não só pelo facto de estar relacionada com a difícil situação económica que o país atravessa, mas sobretudo porque a sua convocatória pela CGTP-IN arrastou consigo outros sectores sindicais, sobretudo na outra central sindical. Em alguns fóruns próprios já referi por várias vezes que não sou grande adepto das greves, muito embora nunca tenha falhado nenhuma, excepto em ocasiões em que por razão de formação, profissional ou académica estava condicionado por compromissos, nem pense vir a falhar quando elas são marcadas.
Contudo, no quadro da realidade sindical, há que repensar estratégias e opções que tenham um alcance mais profundo e mais eficaz na vida dos trabalhadores. O trabalho não pode ser visto com a mesma perspectiva de uma mercadoria, não pode ser entendido como uma exclusiva venda do esforço próprio, como aliás diz a nossa constituição é um direito. Assim sendo e se a cada direito podemos ligar um dever, ao ser-nos negado aquele quer em termos de desempenho, quer no âmbito de uma retribuição justa e adequada, podem os trabalhadores não cumprir com os seus deveres e neste aspecto tenho duas ideias que há muito ando a cogitar, pese embora qualquer uma delas poderem originar consequências perniciosas: negar o pagamento de Impostos (greve aos Impostos) e recusa de votar (greve eleitoral). Duas questões provavelmente que acarretam muita polémica, mas são apenas pistas a ter em conta, para que se tenham alternativas capazes de fazer frente a quem teima em desprestigiar o trabalho!

18.11.10

AFINAL PARA ONDE VAMOS

Estive dois dias em formação! Cheguei há pouco e cansado. Tal não é motivo para não deixar aqui umas linhas. Estive em Lisboa e aquela azáfama deixa-me confuso, muito embora como mero observador goste da ver. Anda tudo a olhar desconfiado, não sei se é da cimeira da Nato, ou da falta de esperança deste povo.
Mas tinha de ir para a formação e lá fui. Não abdiquei da minha intervenção quando a isso fui chamado, mas fiquei com a sensação, quando se começaram a discutir questões legais da minha área profissional (ou seja os meios para desempenhar as funções), que este mundo (não é apenas o país), está a caminhar para um abismo. De fora querem impor-nos linhas de orientação que não se coadunam com o equilíbrio social que se pretende. Mais uma vez tenho de falar da União Europeia e tudo aquilo que ela envolve! Não sei se o defeito é do legislador europeia se é do tradutor que integra as leis na ordem jurídica nacional, mas as leis europeias são um autêntico caos que em muitas circunstâncias se contradiz frase após frase.
A união Europeia tal como a projectaram os homens da sua criação está morta, é um remendo de países e interesses que tanto se unem como logo se ostracizam. Ou fazem alianças com o oriente ou com o Médio Oriente ou ainda com o Ocidente, o que seria de louvar não fosse o caso de cada uma dessas alianças contradizer a anterior!
Perante este panorama dei comigo a pensar: Afinal para onde vamos? Mas como o pensamento foi em voz alta saiu a pergunta... e com gente com licenciaturas, Mestrados ou doutoramentos e ninguém soube dar uma resposta! Na minha ignorância também não soube!

16.11.10

EM CONTRA-CICLO

Por vezes vejo-me desesperado com a minha ignorância. Mas enfim cada qual só tem o que merece, ou nem isso! Numa época em que o nosso ministro das finanças, Dr. Teixeira do Santos, concedendo uma entrevista a um jornal britânico (Financial Times), afirma que o risco do nosso país ser obrigado a recorrer a ajuda externa é elevado (por contágio da Irlanda), seja do Fundo da União Europeia ou da intervenção do FMI, não me cabe na cabeça que se realize uma Cimeira da Nato em Portugal. Aliás porque considero que logo após o fim do Pacto de Varsóvia se deveria ter extinguido a Nato, passando as suas funções a ser desempenhadas pela ONU (mas para o caso em apreço não é isso que conta).
Ora um país em crise, como o nosso deveria ter abdicado de ler a efeito este desfile de vaidades. Uns dirão que são compromissos que já estavam agendados e eu pergunto: O Governo, o Estado, o país não tinha compromissos com os portugueses que pura e simplesmente anulou? Mas é claro que sim! Outros afirmarão, com injustificado orgulho, que é um meio de afirmação do Estado em termos internacionais! Contesto essa interpretação, pois em termos internacionais, no presente momento, o que está a dar imagem (má) é a questão das contas públicas e não questões da presença em teatro de guerra ou de posições de chefia a nível internacional, ou capacidade de organização de grandes eventos!
Notoriamente em contra-ciclo, esta cimeira da Nato, vai apenas servir para gastar mais uns milhões do erário público, muito embora as despesas de estadia das comitivas de Obama (EUA) e Medvedev (Rússia) sejam pagas pelos próprios países, vai ser gasto muito dinheiro. Isto sem contar com as restrições de circulação que vierem a ser aplicada e que irão certamente causar prejuízos económicos quer nos cidadãos quer nas empresas. Nesta altura era isso que menos se esperava, sem dúvida estamos perante uma Cimeira em contra-ciclo.

15.11.10

OS POBRES PAGAM A CRISE!

Fiquei chocado! Mas mesmo muito, ao ler no Correio da Manhã que alguns milionários deste país, que investem na bolsa, vão livres de dar o seu contributo neste momento de crise nacional por via do que está previsto no Orçamento de Estado de 2011. Não tenho o Correio da Manhã como um jornal de referência, contudo em muitas circunstâncias traz para a opinião pública verdades que muitos se negam a difundir. Se a isto aliarmos o facto do aumento dos pedidos de auxílio que a Cáritas portuguesa divulgou ontem, ficamos esclarecidos que são os pobres que pagam a crise e mais ninguém. Nem os ricos, nem a classe média, apenas os pobres!
A segunda década do século XXI vai voltar a ficar marcada pela "teologia" da caridadezinha que ciclicamente vem fazendo escola em Portugal. em que os tais senhores com posses vão fazer uns bailes de gala e respectivas esposas uns "chás" de confraternização para acudir às necessidades dos "pobrezinhos"que proliferam por aí. Aliás noutros tempos até se compreenderia, quando de facto a maioria dos cidadãos não contribuía para regimes de Segurança Social, mas hoje devido à elevada carga fiscal para esse fim, desconhecemos para onde vai o dinheiro! Ou se calhar não, pois basta ver os chorudos prémios de alguns "parasitas públicos" a quem pomposamente chamam "gestores públicos" mas que não o são por duas razões: primeiro na sua maioria não são nem nunca foram gestores; segunda maioritariamente não tem outra ligação à administração pública que não seja irem ocupar elevados cargos, servindo as estratégias partidárias. E era isto que as pessoas (cidadãos) deveriam saber distinguir!
Já uma palavra para a Grécia. Parece que a mentira do deficit de 2009 ainda era maior! Pois é com tais políticos (por cá também os temos) onde está a credibilidade da democracia?... pelas ruas da amargura! Mas não há problema porque os pobres pagam a crise!

14.11.10

GERMÂNOCENTRISMO

Não quero ter sempre razão e em muitas das considerações que faço certamente comento erros, no entanto não deixo de ficar satisfeito com a concordância das minhas ideias com a análise que nos é apresentada por pessoas supostamente mais credenciadas, quer pelas funções políticas ou partidárias que desempenham ou já desempenharam, quer pelo tarefas académicas a que estão ou estiveram vinculadas.
Vem isto a propósito da avaliação que tenho feito nos últimos tempos, relativamente ao papel da Alemanha no desenvolvimento de toda a crise que tem assolado a Europa. Tinha e tenho no meu entendimento que a grande culpa de a crise não se ter resolvido em tempo útil, se devia, pelo menos em parte, à pouca credibilidade que a própria Alemanha mostrou em termos económicos à realidade europeia. Isto, claro está, sem desculpar a inoperância dos próprios países no aspecto individual, e nesse caso fica sempre aquela dúvida, "como é que a Islândia, um país que durante tanto anos apresentou superávites orçamentais de um instante para o outro cai na bancarrota?". Quanto a Portugal, como temos sempre vivido em déficit a questão até nem é tão escandalosa, embora não deixe de ser criticável.
Ao ouvir atentamente ontem o programa da TSF "Bloco Central", não deixei de ficar satisfeito ao
escutar os dois comentadores apontarem a Alemanha como o grande problema actual da Europa devido ao seu "germâcentrismo" pouco preocupada com a viabilidade do Euro e de uma política europeia de desenvolvimento equitativo. De acordo, os dois intervenientes, viam nessa posição uma fórmula da Alemanha conseguir excluir do Euro alguns países como a Grécia, a Irlanda e Portugal implementado o famoso processo de uma Europa a duas velocidades.
Acrescento eu, concordo parcialmente com esta interpretação, que por esse meio a Alemanha consegue não só manter-se no topo e como carruagem principal do desenvolvimento da Europa, condicionando, ou antes restringindo, o desenvolvimento dos outros, bem como desta forma de actuar encontra um argumento para impedir a entrada da Turquia na União Europeia. Ainda que ninguém tenha dito isto, acho que este é o grande objectivo que está subjacente, como que um recado a Ancara em que se diz: "até estes que cá estão correm o risco de serem expulso (pelo menos da zona Euro) e por isso não nos vamos debruçar nem preocupar com potenciais novos ou velhos candidatos a entrar na União Europeia". Claro que isso pode ser dito de uma forma mais simples e mais cordata com um "agora não, porque estamos cheios de problemas que temos de resolver".
No seu "germânocentrismo", Berlim nunca perdoou, nem quer perdoar tão depressa a ousadia e as atrocidades do império Otomano, de ter tentado conquistar Viena (a que ainda se acham ligados) por três vezes através de Solimão I!

11.11.10

DIZER... BASTA!!!

A União Europeia apresentou mais uma proposta de redução de captura de espécies marinhas na costa portuguesa. Dito assim parece uma conversa inócua, mas do que se trata efectivamente é a redução em 10% das quantidades que os pescadores podem capturar (pescar), e ainda que não seja extensivo a todas as espécies é bastante significativo.
Está na hora dos governantes portugueses dizerem basta! Se preciso for ameaçando com o bloqueio a todas as decisões da União Europeia! A UE ESTÁ A ROUBAR PORTUGAL, esta é a verdade e tem de ser assumida por todos, roubando essencialmente os que mais precisam, como foi em tempos com a agricultura (por exemplo: as cotas de leite, ou as vinhas) e também algumas indústrias transformadoras.
Está na hora de dizer BASTA! E o senhor Presidente da República tem amiúde declarado que o nosso futuro passa por investir no mar e todas as actividades que lhe são inerentes, deve ser o primeiro a gritar para Bruxelas: BASTA NÃO NOS ROUBEM MAIS! Ao não fazê-lo tornar-se-à cúmplice de mais este crime. A União Europeia ao longo dos anos tem descapitalizado o país na sua capacidade de trabalho a troco de umas verbas que vão servindo para encher a barriga a uns grandes empresários, nomeadamente no âmbito das infraestruturas, comparticipando na construção de vias rápidas onde passam meia dúzia de veículos.
Em tudo o que tínhamos alguma capacidade competitiva, ainda que sujeitos a algumas alterações a União Europeia, com a cumplicidade dos governantes portugueses, optou por conduzir à ruína ou ao desmembramento, para servir interesses próprios do eixo Paris-Berlim. Por isso mesmo está na hora de dizer: BASTA!!!

10.11.10

TOTALMENTE DE ACORDO!!!

Dado o panorama que se apresenta a Portugal estou totalmente de acordo com a afirmação do Ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, quanto à necessidade de fazer baixar o deficit para patamares aceitáveis, que segundo o próprio será de 4,6% no próximo ano na linha daquilo que nos terá imposto a Alemanha da senhora Merkle!
Contudo o senhor Ministro tem culpas no cartório. Segundo ainda as suas palavras aqui há uns tempos, o descontrolo da dívida pública ter-se-á verificado devido à aquisição dos submarinos e os custos dos mesmos terem sido incluídos na Conta Geral do Estado de 2010! Ora, havia remédio para esta situação, tão simples como não ter adquirido o dito equipamento, tanto mais que tal como corria em diversos serviços noticiosos a empresa vendedora não havia respeitado parte do que tinha estabelecido com Portugal.
Ou seja, "senhor Ministro, se uma parte não cumpre todas as clausulas contratuais ela entra em incumprimento e à contraparte assiste o direito de declarar nulo o contrato que estabeleceu, e no caso exigir em tribunal indemnização por prejuízos."
Depois do alerta ao senhor Ministro, reforço que estou completamente de acordo com ele, mas para que não subsistam dúvidas é preciso dizer que o tal senhor e o governo a que pertence cometeram muitas burrices, algumas quase a roçar o "crime de peculato" (no contexto de abuso de confiança) por má utilização dos dinheiros públicos. Claro que o triste de toda esta situação de má governação, é o facto de ter de ser paga por quem menos contribuiu para o descalabro, e os reais "culpados" ainda venham com ar angélico de "virgens ofendidas" dizer-nos que tem de ser assim ou então será o caos!

9.11.10

MAS QUE POUCA VERGONHA!!!

Não admira a situação a que o país chegou, e nem estou a escrever sobre as recentes notícias dos juros da dívida pública porque isso é para certos analistas, todos eles convencidos que são donos da verdade, mas depois, algum tempo mais tarde, sabe-se que ou estão ao serviço de certa gente, leia-se poderosos interesses económicos, ou estão a vender as ideias que posteriormente lhes trará grandes lucros.
Também não me estou a referir às agências de rating, das quais os nossos bancos se serviram até que lhes interessou e com as quais agora querem romper os respectivos contratos, ou de surgir um movimento em termos internacionais pronto a desacreditar e a desenvolver um processo de aniquilamento das ditas agências!
Nem tão pouco quero expressar-me sobre a conduta imoral e criminosa da União Europeia em todo o processo da crise, impondo medidas de empobrecimento das populações mais fragilizadas no ano que declarou o de ser "Ano Europeu Contra a Exclusão e a Pobreza" numa atitude em total contradição entre o discurso e a prática.
O assunto é outro. O "moralista" negociador do Orçamento de Estado, Eduardo Catroga, que se manifestou tantas vezes quanto às despesas do Estado, esqueceu-se de referir que isso acontece por neste país abundarem os tipos como ele. Acima de qualquer "suspeita" como alguns disseram o digníssimo professor foi contratado para O Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de Lisboa como professor Catedrático Convidado, por conveniência urgente de serviço, além do quadro daquele instituto, através de um Contrato Administrativo de Provimento, a tempo parcial de 0%. O contrato com efeitos a partir de 1 de Setembro de 2008 foi assinado apenas a 26 de Maio de 2010 e publicado a 2 de Junho.
No meio de tudo isto há uma coisa que me faz confusão, se interpretarmos que "tempo parcial 0%" corresponde a tempo inteiro, qual a razão da referência ao tempo parcial? Se o que se quer dizer é que não tem carga horária como é que se justifica a "conveniência urgente de serviço"? Mas há mais, como pode ser visto na 2ª Série do Diário da República nº 107, de 2 de Junho de 2010, na página 30576, o despacho terá sido proferido a 1 de Setembro de 2008 pelo presidente do Conselho Directivo (o amigo de Catroga, João Duque) por delegação do Reitor da UTL de 25/7/2007. Este tal João Duque é um dos sujeitos que "vergonhosamente" vem aparecendo na comunicação social a defender há algum tempo a redução de salários e a criticar o aumento da despesa!
E falam estas "bestas" do despesismo do Estado... mas que pouca vergonha!

8.11.10

ESTRATÉGIA

Quase todas as pessoas sabem que um dos grandes mestres da Estratégia foi chinês! Deu pelo nome de Sun Tzu e viveu no século IV antes de Cristo. A sua memorável obra "A Arte da Guerra" ao longo de muitos séculos foi seguida pelos mais importantes generais e nas últimas décadas foi resgatado pelos gestores que adaptaram aos negócios, os princípios que nesse livro estão inscritos com uma função beligerante.
Não sei, por enquanto, e estou ciente que poucos saberão plenamente, quais as vantagens que o nosso país vai tirar dos acordos ontem estabelecidos a vários níveis com os chineses. No entanto não é uma circunstância nova. Digamos que chineses e portugueses renovaram um acordo que já lhes trouxe vantagens no século XVI, quando a China reconheceu e deu autorização aos portugueses para ocuparem Macau. A braços com a pirataria, os chineses acolheram os navios e tropas portuguesas como um modo de travar a entrada dos inimigos por aquela península, ao passo que os portugueses ganharam preponderândia naquela região do globo.
Agora os portugueses a braços com os "piratas" financeiros, abrem-se à chegada dos chineses (parece que vão explorar o porto de Sines) a troco da compra da dívida pública. Quer dizer que os portugueses vão desta feita ganhar alguma protecção ao passo que os chineses passam a ter uma costa atlântica inteira para entrar na Europa, e nalguns dos países de expressão portuguesa... além de ficarem mais perto dos Estados Unidos da América e da Inglaterra. A mesma Estratégia, em tempos diferentes, mas com os mesmos actores!

7.11.10

DIAS INTENSOS

Como aqui deixei expresso, na passada sexta-feira, este fim-de-semana foi dedicada a uma activa participação sindical. Estive presente na manifestação promovida pela Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública que se realizou em Lisboa e no IX Congresso da CSS/CGTP-IN, que também decorreu em Lisboa. Modéstia à parte acho que contribui com meu empenho para que não se cometam mais injustiças. Não é um esforço inglório quando temos a consciência que cumprimos a nossa missão, ainda que os resultados não sejam imediatos.
A manifestação foi concorrida e a minha presença resulta das responsabilidades que assumi e que respeitarei enquanto elemento do colectivo que é a CGTP-IN. Não interessa muito estar aqui a dissecar números, porque sabemos que existem sempre diferentes versões, no entanto alguns dos jornais apontam para cerca de cem mil. O que interessa é activistas e dirigentes de diversos sindicatos marcaram a sua presença.
Já quanto ao IX Congresso da CSS/CGTP-IN, decorreu ontem e hoje e também não omiti a minha participação activa, naquilo em que considerei meu dever fazê-lo, ciente que a duplicidade de papéis por vezes causa alguma insegurança. No mesmo enquadramento sindical, participei ainda na 2º Conferência Sindical Internacional, a cargo de 12 diferentes estruturas sindicais e no Seminário promovido pela Fundação Friedrich Ebert e Instituto Rúben Rolo. Não me vou pôr aqui a pormenorizar, mas posso dizer que estes eventos contribuíram para dois dias muito intensos e com elevado número de participação e de onde resultaram opiniões muito positivas.
Para concluir em cheio, depois de justas homenagens e mais intervenções, o Congresso foi encerrado pelo candidato à Presidência da República, Manuel Alegre, com a sua carismática e entusiástica entrega!

5.11.10

CIDADANIA

O meu fim-de-semana que está aí para começar, vai ser marcado por muita actividade sindical, ou seja a tentar contribuir para que os trabalhadores não sofram mais do que têm e para que lhes sejam garantidos direitos mínimos de sobrevivência. E falo em direitos e não regalias, como erradamente muitas vezes se diz e apesar de certas pessoas no nosso país se acharem muito inteligentes e conhecedores de tudo, convirá que leiam a Declaração Universal dos Direitos do Homem, para lá encontrarem devidamente expresso: o direito ao trabalho e a um vencimento que assegure uma vida digna!
Alguns dirão: "lá está aquele comunista!" Esclareço: a) ser comunista não é crime; b) ser sindicalista não é crime; c) há sindicalistas de todo o espectro político; d) não sou comunista; e) se fosse era um direito que me assistia como a qualquer outro cidadão.
Mas mais, se voltar à Declaração Universal dos Direitos do Homem, lá está que os cidadãos trabalhadores são livres de se associarem em sindicatos para defender os interesses próprios. A própria Doutrina Social da Igreja, defende e incentiva os trabalhadores à criação e desenvolvimento de Sindicatos. Por tudo isso aos não sindicalizados e adversários dos sindicatos só posso dizer que sigo os padrões de intervenção social com os quais mais me identifico e que são direitos consagrados internacionalmente. O Sindicalismo é um compromisso de cidadania!

4.11.10

UMAS BOAS... OUTRAS MÁS

Um dia após a aprovação do Orçamento Geral do Estado para 2011, com a abstenção do PSD, o voto favorável do PS e contra de toda a restante oposição, as notícias por cá, vão variando entre as boas e as más, enquanto pela Europa continuam a surgir encomendas contendo engenhos explosivos e com destinatários muito precisos.
Tinha-se como certo que a aprovação do orçamento, constituiria o meio de acalmar os mercados e dessa forma os juros sobre a divida pública portuguesa iriam sofrer uma baixa, ora se olharmos para os indicadores que têm sido divulgados durante a manhã, chega-se à conclusão que não é assim, pois os juros atingiram um nível recorde! Quer isto dizer, que este facto não tem nada a ver com a economia nem com a estabilidade orçamenta, outros interesses se jogam em diversos tabuleiros e a União Europeia continua a assobiar para o lado, alimentando essas sanguessugas e seus respectivos mentores. Esta é a notícia má!
Por outro lado o governo português decidiu, tal como prometera (e depois recuara) acabar com a acumulação das pensões com os vencimentos, usufruídos pelos detentores de cargos públicos e pelos funcionários públicos, numa atitude que não é só de aplaudir como é da mais inteira justiça, tal como será um modo de repor alguma credibilidade e sensatez no quadro até aqui existente, e que de algum modo poderá ajudar a baixar o deficit! Aqui está a boa notícia!

3.11.10

CULPADOS? OS OUTROS!...

Nos últimos dias tem sido notícia o aparecimento de embrulho com supostos engenhos explosivos que terão sido enviados para diversas embaixadas, e outros tendo como destinatários alguns governantes do ocidente, como sejam os presidentes da Alemanha e da França, remetidos desde a Grécia por desconhecidos. Será fácil apontar o dedo a extremistas ou ao fundamentalistas islâmicos como autores desta actividade violenta, aliás na sequência do que foi dito na passada semana acerca de alguns materiais explosivos que chegaram aos Estados Unidos da América!
Habitualmente identifica-se o português como um povo que atira a responsabilidade de tudo para os outros, popularmente conhecido com o "sacudir água do capote", porém pelos visos não é o único nem está só! Essa é exactamente a postura, neste momento, de muitos países europeus e não exclusiva dos portugueses. Entre eles contam-se Alemanha, França, Itália e Inglaterra.
Será que os governantes da Alemanha e da França se esquecem do mal que têm feito aos gregos nos últimos tempos! Será que eles esquecem que é a sua ganância que há-de levar a União Europeia à ruína. Um e outro, principalmente, urdiram esta teia que é o Euro que está a levar à falência o Modelo Social Europeu. Esquecem que foram eles que no espaço de um século colocaram por mais de uma vez a Europa a ferro e fogo, com as inevitáveis consequências da perda de milhares de vidas! Um e outro, cada qual à sua maneira, disfarçadamente apoiados nos Direitos Humanos, têm patrocinado grandes horrores no tabuleiro estratégico dos balcãs!
Mas não tenhamos dúvidas que quando os fundamentalistas quiserem também teremos o nosso 11 de Setembro!

2.11.10

DE MANHÃ...

Diz o velho ditado que é de manhã que se começa o dia, e desse modo Pedro Passos Coelho quis fazer jus aos ditos populares e logo pelas 8,30 iniciou uma reunião com o grupo parlamentar do PSD de modo a dar as orientações, sobre a votação na generalidade do Orçamento Geral do Estado para 2011, aos respectivos deputados. Não sei como correu o debate, mas também não importa muito, pelo menos por agora, porque é na especialidade que o documento vai levar as maiores alterações, pois se o acordo foi respeitado o mesmo passou com os votos favoráveis do PS, com a abstenção do PSD e votos contra dos restantes partidos da oposição. A confusão virá certamente mais lá para perto do fim-de-semana.
Quase que na mesma linha (o tal dito popular) seguem as notícias vindas do Brasil. Dilma Rousseff foi eleita presidente do Brasil, além do facto histórico de ter sido a primeira mulher a conseguir esse feito no Brasil, saliente-se o facto de se assumir como verdadeira seguidora de Lula da Silva, garantindo que lhe irá pedir conselhos se de tanto precisar. Mas quanto ao "ditado" o seu enquadramento resulta de o presidente ter anunciado, já ontem que a nova moradora do Palácio do Planalto, irá marcar presença na próxima conferência do G-20, a realizar nas próximas semanas, isto é mesmo antes de tomar posse como presidente do maior país de expressão portuguesa! De outro modo é um meio de dizer que de manhã se começa o dia.

1.11.10

DIA DOS BOLINHOS

Na minha meninice, desconhecia completamente o carácter supostamente sagrado do dia de hoje e apenas ficava alerta quando a minha mãe ou o meu pai dizia que era dia dos bolinhos. Novidade que na maior parte dos casos era dada no dia anterior, e depois de uma primeira aventura, corado e tímido, por volta dos cinco anos, a história começou a repetir-se nos anos subsequentes e até já servia de brincadeira, depois já com a companhia dos meus irmãos.
Vestia-se o melhor fato, muito bem penteadinhos e de sorriso nos olhos lá íamos apregoando a nossa humildade orgulhosos. Ainda não se usava o plástico, e os saquitos de pano, feito de restos de roupa que se tinha estragado, iam acolhendo as passas de figo, de uva, de pêssego, alperce ou ameixa, as nozes, amêndoas, pinhões, alguma brindeira e raramente algumas avelãs, uma ou outra romã. Para os tremoços havia um saco específico. Era ver os garotos e garotas a bater às portas "bolinho, bolinho, à porta de todo o santinho", embora houvesse outros dizeres diferentes, havia que se referisse ao "pão por Deus". Em bandos, cada qual recebia o seu quinhão e não havia zaragatas porque era dia santo, assim nos recomendavam os nossos pais. Depois começaram a aparecer os sacos de plástico, chegou a idade e eu fui retirado das lides porque já era muito grande (como se eu alguma vez tivesse sido grande!) iam os meus irmãos e outros das novas gerações e eu ficava com um brilho nos olhos à espera que regressassem.
Cada vez havia mais sacos de plástico, mas menos sacos no total e menos crianças, e quando aparecia um a bater à nossa porta rejubilávamos de alegria, porque os pobres que pediam eram os mesmos que também davam. Depois em vez de tremoços ou nozes começaram a dar umas moedas pretas, de tostão, ou brancas de cinco tostões. Aos poucos os grupos com dezenas de crianças foram desaparecendo, quando muito um trio ou um par, lá vinha com o seu saquito às costas e de ladainha nos lábios. Os pais ganharam preconceittos e pensaram que pedir era uma vergonha e que dar era um crime, muito embora todos dessem e todos pedissem, sem caracter caritativo, mas de comunhão!
Foi-se perdendo a tradição (eu digo, prostituindo a tradição), e agora temos a noite das bruxas que não nos diz nada, a não ser fazer lembrar os autos de fé! Hoje quando acordei senti uma emoção dolorosa (os homens também choram!) e esperei... esperei que uma criança atrevida subisse a escada e me batesse à porta aos gritos: "Bolinho, bolinho". Ainda que viva na cidade tinha lá umas nozes, umas amêndoas, umas passas de figo e de uva para dar ao corajoso que não estivesse amordaçado por esta sociedade consumista, e tivesse a ousadia e o orgulho de me acordar, "Bolinho, Bolinho" e que eu despertasse meio estremunhado e dissesse "É verdade, hoje é dia dos bolinhos"!