19.8.04

(IN) TEMPORALIDADES

Esta ânsia de escrever, quase doentia, por tudo e por nada leva-nos a elaborar os mais diferentes textos. Hoje apeteceu-me divulgar um dos meus mais recentes poemas. Numa época em que tudo se faz a correr, em que não há tempo para nada, o tempo é um tema aliciante. Eis o poema:

O tempo é a medida
de todos os nadas
num círculo de incógnitas,
desenhado no espaço
por entre inocentes
raios de sol matinais.
Todos os passados,
todos os presentes,
todos os futuros
são circunstâncias
pueris da existência
erguidas do imaginário.
O tempo é o vértice
da raíz quadrada
do infinito
na policromia
translúcida
do universo.
Esse tempo,
essência suprema
de horizontes
de eternidade
na plenitude
do absoluto.
Tempo, o odor
inebriante
de um vazio
em cinzas
gretando lábios
sedentos de beijos.
O tempo é o orvalho
de uma esperança
de auréolas douradas
adormecidas no azul,
embaladas em sonhos
de um silêncio musical.

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