24.10.10

CHAVES(Z) DO ORÇAMENTO

Nada como um trocadilho para analisar este domingo de fim de Outubro. Enquanto a Assembleia da República é o palco escolhido para os partidos "de poder" (PS e PSD) discutirem pormenores e apresentar os argumentos que hão-de levar à aprovação do Orçamento de 2011, mais a norte o presidente venezuelano faz uma viajem de negócios a Portugal com o intuito de estabelecer mais alguns contratos com empresas portuguesas, fazendo aumentar o volume de exportações que no entanto serão pagas com petróleo daquele país sul-americano.
Ora tem-se dito em Portugal que a nossa grande (ou única) hipótese em termos económicos e financeiros reside nas exportações e no reequilíbrio da divida pública. Sendo assim temos hoje nas mãos (o país, claro) as chaves que poderão abrir tais portas, para tanto bastará um bom acordo comercial com o presidente venezuelano, e um bom acordo palaciano entre o PS e o PSD para o pior Orçamento para os portugueses mas que, segundo se diz, será o melhor para o país. Vamos a ver!
Quanto à necessidade deste tipo de Orçamento recordo que mais que nunca as palavras de José Sócrates, ontem, me fizeram lembrar as de Salazar em meados dos anos trinta do século passado, pois nessa ocasião o ditador terá afiançado: "não vos livrarei da fome, mas livrar-vos-ei da guerra (na se imaginava ainda a guerra em África), ontem Sócrates terá dito: que o Orçamento permite que Portugal fique fora da crise da divida soberana! Ou seja a fome virá aí (está subentendida) mas sempre nos safamos da tal crise (até que venha outra ainda maior), caindo no mesmo erro de Salazar, pois nós já sofremos dessa crise na mesma medida que apesar da nossa neutralidade estivemos enterrados na guerra até ao pescoço!
Talvez algumas daquelas chaves(z), que hoje se nos apresentam, abram portas para futuros risonhos.

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