Catroga e Teixeira chegaram a acordo ontem à noite, já depois de Cavaco ter tomado a iniciativa inédita de fazer uma comunicação ao país após uma reunião do Conselho de Estado que terá durado cerca de quatro horas. Hoje pela manhã os dois homens das finanças disseram de sua justiça mostrando inequívoco contentamento pelo fim da novela, cujo desfecho aliás há muito que se previa.
E daqui resulta aquele fado português de felicidade falhada da maioria (pessimismo militante) para que uns poucos rejubilem entre champanhe e vivas, deixando desde já avisos à navegação que a maré está má e a turbulência continua, pelo que outras tormentas se avizinham mesmo que o homem do leme continue a afirmar que tem sido o seu pulso a manter a nau na rota certa e a afiançar que não deixará de enfrentar novas borrascas, ainda que algum Adamastor ou Neptuno queiram desviá-lo do seu destino!
Dos fados me agradarei hoje na Associação Recreativa das Aboboreiras, onde os verdadeiros fadistas irão espraiar as suas vozes perante um mar de gente sedenta de partilhar e aplaudir a mais dorida e sentida das expressões musicais do nosso país. E se tal vai obrigar a muito trabalho (a mim e ao resto do pessoal do grupo de teatro) sobra uma felicidade inócua por desde quinta-feira (soube-o ontem) que os 150 lugares estão vendidos.
Porque o fado também pode ser (e é) alegria hoje há fado para quem gosta, porque quem não gosta até está à vontade porque já não há bilhetes! De certo modo diferentes, hoje há fados!
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