22.11.10

CANTONA E O PAPA

Para quem gosta de futebol, nomeadamente o inglês, o nome de Eric Cantona é incontornável e embora seja francês de origem, foi no Manchester United que mais brilhou. A qualidade técnica e a impetuosidade que punha em campo eram tão famosos quanto o seu feitio irascível, truculento ou mesmo zaragateiro com que vivia o seu dia-a-dia. Os problemas com o álcool terão ajudado ao fim de uma carreira que parecia ainda ter muito para dar. Mas enfim nesse contexto George Best ou Victor Baptista, só para citar alguns, também trilharam igual destino. Porém a razão de referir o antigo internacional francês não tem nada a ver com futebol, mas sim com a sua mensagem, ou melhor desafio, colocada no Youtube para que as pessoas retirem o dinheiro dos bancos de modo a causar o colapso ao sector, considerando-os por isso parte do problema que se vive hoje em dia. Seja como for, já não é a primeira vez que leio esta proposta e de todo não me parece que seja desajustada, e talvez tenha mais efeito que 20 greves gerais. Diga-se é uma ideia que surge na linha da minha proposta de alterar os processos de luta!
E o que é que o Papa tem a ver com isto? Perguntarão alguns! Nada e tudo. Nada, porque não se sabe qual a sua opinião em concreto para acabar de vez com este estado de coisas, muito embora continue a proclamar que a Igreja está com os mais fracos e a anunciar a filosofia social da Igreja. Mas enquanto Cantona pretende acabar com uma certa realidade, o Papa tenta salvar outra, ou seja que não se dê uma fuga geral dos católicos, e por isso ontem manifestou compreensão pelo uso do preservativo quando esteja em causa a saúde pública ou seja para impedir a disseminação da sida. O Papa pretende preservar a importância dos católicos com um preservativo, ao mesmo tempo que Cantona pretende preservar a dignidade dos cidadãos com uma ruptura.
Qualquer das coisa faz sentido. Nem Cantona será Papa, nem o Papa jogará futebol, mas entre o ataque de um e a defesa do outro, joga-se a sobrevivência de um sistema!

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