21.11.10

MORTE DOS INDEPENDENTES

Os movimentos de cidadãos independentes que proliferaram por esse país fora, essencialmente em ocasiões de eleições autárquicas, pretenderam, em muitos casos, ser uma lufada de ar fresco na actividade política. Alguns arvoravam-se mesmo como a consciência crítica dos cidadãos que descontentes com a realidade político-partidária, pretendiam constituir-se como o paradigma da transparência e da verdade. Eu, contudo nunca considerei que houvesse independentes e explico o porque desta minha opinião.
Se considerar-mos a transparência, é preciso que se diga que de todo isso não corresponde à verdade! Na maioria esses ditos independentes tinham origem nos mais diversos partidos políticos, que por razões estratégicas os incentivavam à participação política, ou então resultavam de fracturas desses partidos por não serem incluídos em listas ou não concordarem com o lugar que lhes era atribuído, ou ainda como vingança de resultados eleitorais internos que lhes eram desfavoráveis! Bem vistas as coisas, eram tudo menos independentes. Também a mim me tentaram seduzir, sabedores de algum do meu descontentamento bem como de uma certa ostracização que me foi imposta pelos órgãos locais do partido em que milito (que nos últimos tempos chegou ao ponto da exclusão do título de meu blogue, só porque sou crítico) . Contudo não o conseguiram apesar dos sinuosos cânticos de sereia que me lançaram.
Ora nos últimos dias, foi constituída em Tomar a AMAI. Acróstico sedutor para quem pretende dar o seu contributo à causa pública, porém oco quando se torna em associação com todas as características de um partido político aquilo que se queria independente desse espectro da ordem sociológica-política do nosso país. O que agora se formalizou, e vai ter sede em Tomar, não é mais que o congregar de um jogo de interesses que desde logo vai pugnar por idêntico tratamento que é dado aos partidos, ou seja para eles o que está em causa não é a "res publica" mas sim ter os meios para atingir o poder a qualquer custo, não é o sacrifício pelos cidadãos mas o de também serem parte na absorção dos dinheiros que circulam em torno das campanhas eleitorais. De certo modo "mascarados" de independentes, querem ser "partidos". Não o serão de direito, preferindo sê-lo de facto!
Com esta decisão está dado o passo para virem a sofrer da mesma describilização de que são alvo os partidos e a médio prazo para a completa morte dos independentes!

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