14.11.10

GERMÂNOCENTRISMO

Não quero ter sempre razão e em muitas das considerações que faço certamente comento erros, no entanto não deixo de ficar satisfeito com a concordância das minhas ideias com a análise que nos é apresentada por pessoas supostamente mais credenciadas, quer pelas funções políticas ou partidárias que desempenham ou já desempenharam, quer pelo tarefas académicas a que estão ou estiveram vinculadas.
Vem isto a propósito da avaliação que tenho feito nos últimos tempos, relativamente ao papel da Alemanha no desenvolvimento de toda a crise que tem assolado a Europa. Tinha e tenho no meu entendimento que a grande culpa de a crise não se ter resolvido em tempo útil, se devia, pelo menos em parte, à pouca credibilidade que a própria Alemanha mostrou em termos económicos à realidade europeia. Isto, claro está, sem desculpar a inoperância dos próprios países no aspecto individual, e nesse caso fica sempre aquela dúvida, "como é que a Islândia, um país que durante tanto anos apresentou superávites orçamentais de um instante para o outro cai na bancarrota?". Quanto a Portugal, como temos sempre vivido em déficit a questão até nem é tão escandalosa, embora não deixe de ser criticável.
Ao ouvir atentamente ontem o programa da TSF "Bloco Central", não deixei de ficar satisfeito ao
escutar os dois comentadores apontarem a Alemanha como o grande problema actual da Europa devido ao seu "germâcentrismo" pouco preocupada com a viabilidade do Euro e de uma política europeia de desenvolvimento equitativo. De acordo, os dois intervenientes, viam nessa posição uma fórmula da Alemanha conseguir excluir do Euro alguns países como a Grécia, a Irlanda e Portugal implementado o famoso processo de uma Europa a duas velocidades.
Acrescento eu, concordo parcialmente com esta interpretação, que por esse meio a Alemanha consegue não só manter-se no topo e como carruagem principal do desenvolvimento da Europa, condicionando, ou antes restringindo, o desenvolvimento dos outros, bem como desta forma de actuar encontra um argumento para impedir a entrada da Turquia na União Europeia. Ainda que ninguém tenha dito isto, acho que este é o grande objectivo que está subjacente, como que um recado a Ancara em que se diz: "até estes que cá estão correm o risco de serem expulso (pelo menos da zona Euro) e por isso não nos vamos debruçar nem preocupar com potenciais novos ou velhos candidatos a entrar na União Europeia". Claro que isso pode ser dito de uma forma mais simples e mais cordata com um "agora não, porque estamos cheios de problemas que temos de resolver".
No seu "germânocentrismo", Berlim nunca perdoou, nem quer perdoar tão depressa a ousadia e as atrocidades do império Otomano, de ter tentado conquistar Viena (a que ainda se acham ligados) por três vezes através de Solimão I!

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