30.8.10

A INSEGURANÇA

Chocou-me a notícia de um jovem que terá morto seis pessoas em Bratislava e ainda terá ferido pelo menos mais catorze. Chocou-me por várias razões: foram vidas ceifadas sem uma razão que o justifique; o aumento da violência na Europa (dantes dizia-se que era apenas na América); a falta de capacidade dos Estados para evitar tais situações; a insegurança em que actualmente se vive; o grau de inadequação da justiça aos tempos modernos.
O que se passou na Eslováquia poderia ter-se passado em Portugal, Grã-Bretanha, França ou em qualquer Estado Europeu, com idênticos resultados. Os representantes da sociedade, isto é quem governa, há muito que se demitiram da sua função de governar, e deixaram os seus concidadãos à sua sorte e a violência instalou-se definitivamente ao mesmo tempo que por via legislativa os governos ainda condicionam mais a incapacidade dos órgãos de justiça, porque manter alguns delinquentes atrás das grades custa muito dinheiro.
Desse modo à violência gratuita responde-se com mais violência, numa escalada de vingança sem que se vislumbre um final. Tal facto só tem paralelo na Itália da Camorra e da Máfia, mas parece que é, cada vez mais, um paradigma da sociedade europeia. Alain Minc, em "A Nova Idade Média?" e Peter Singer, em "Um só Mundo", retratam este aspecto muito bem (tal como outros que identificam a sociedade actual) e na ficção poderemos tirar ilações muito semelhantes, ainda que noutro contexto do livro de Fiódor Dotoiesveski "O Jogador". Uma sociedade sem normas nem ética, o reino da insegurança.

Sem comentários: