7.8.10

O PÚBLICO E O PRIVADO

Além dos muitos incêndios, não só no nosso país, mas também a situação catastrófica na Rússia, tem sido notícia, nas últimas horas, os pacientes que foram operados à vista numa clínica privada no Algarve e que correm risco de cegueira. Esta entre muitas outras, tem para mim relevância superior viso ser um estudioso das actividades do sector público do Estado (a que habitualmente se chama administração pública). Há cerca de vinte anos para cá, para certos senhores, a culpa de tudo o que acontece de mau é da administração pública. Daí que, a partir de certo momento, se tenha começado a privatizar tudo ao desbarato, e se com algumas privatizações estou de acordo, muitas outras vão contra todos os princípios de um Estado de direito democrático.
O que se passou naquela clínica, prova que as coisas tanto correm mal no "público" como no "privado" e que tudo não passa de os profissionais serem ou não bons. Mas há um pormenores que é preciso esclarecer: tanto quanto parece, ainda que o responsável daquele estabelecimento seja uma pessoa (médico) com capacidade legal para o possuir e exercer a actividade, já o mesmo não se pode dizer da clínica, que segundo as informações era ilegal. Ora aí está, no sector público tudo é, tem de ser legal, enquanto no sector privado por vezes foge-se ao cumprimento da lei porque o que interessa é ganhar dinheiro. O cidadão comum interessa-se pouco com isto, mas aí reside o grande argumento do sector público, a sua sujeição à lei, e obediência a princípios que não visam essencialmente o lucro!
E já agora mais uma achega, porque isto deve ser dito e desmascarado. A grande falência do sector público (nas suas diferentes variantes) iniciou-se exactamente a partir do momento em que passou a ser gerido segundo os padrões do sector privado. Mas essa matéria será reflexão para outro momento!

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