10.12.10

DE POUCO ME VALE

A cidade ainda sofre o efeitos do trauma produzido pelo tornado de terça-feira, e mesmo sendo dia de mercado, as pessoas parecem tristonhas. Se a situação económica já não permitia grandes alegrias, o desastre do meio da semana deixou as pessoas cabisbaixas. Aos poucos alguns dos bens materiais vão sendo recuperados, mas as marcas da mágoa pelos esforços inglórios de uma vida de trabalho e sacrifício, serem destruídos em poucos segundos, vai lá ficar. Também estou assim, mas de pouco me vale!
O trabalho chama-me e as obrigações para com os cidadãos não me dão espaço a pensar muito, e ainda ontem era cerca de meia-noite quando regressei a casa porque tinha de seleccionar uma série de material para o colóquio que vai decorrer esta noite: "Consumo Consciente" com o doutor Mário Frota e a Drª Gisela Serafim. Estava nessa minha tarefa quando recebi um telefonema do Lar a avisar-me que tinha morrido uma pessoa (o Sr. Jorge) que ainda tem alguma relação com família minha, ainda que algo afastado, a quem eu dedicava especial carinho e amizade. E o que posso fazer no meio desta confusão toda!
Logo tenho de estar no colóquio como moderador, tenho de preparar sala e distribuir informação e ainda tenho de tentar comer alguma coisa e vestir roupas mais formais depois de um duche, como posso ir ao funeral? Enfim há momentos em que a vida de uma pessoa parece mesmo "um vendaval que se alevantou", como dizia o José Régio. Um tornado autêntico, não tão destruidor como o real, mas muito destabilizador!

Sem comentários: